Imprevistos

Eu estava conversando com um amigo, que curiosamente perguntou se eu escreveria uma de minhas experiências no meu blog, na hora dei risada... Mas depois achei interessante a idéia, poderia ser engraçado, talvez mudasse a rotina dos meus textos.
Eu nunca acreditei que eu possuísse talento para textos humorísticos ou textos descritivos, mas aceitei a idéia, vamos ver no que pode dar!

Um pequeno parágrafo da minha vida foi marcado às 18h20 de uma terça-feira conturbada. Estava eu, na estação Barra Funda, atrasada e com um monte de livros na mão, para melhorar o meu humor, eu saí do escritório cuspindo lagartos.
Lá vamos nós, como todo bom Paulistano, minha primeira parada foi na catraca do metrô, na verdade na imensa fila que se formava para atravessá-la.
Alguns minutos depois, já preocupada com o horário, afinal eu iria atravessar a cidade para ver meu namorado, meu destino: Metrô Brigadeiro.

É, mas eu não sabia que o meu destino seria outro. Naquele dia eu usava sapatinhos sem salto, tudo para garantir o conforto dos pés. Lá vou eu pela escada fixa, e faltando dois degraus para a plataforma, deparo-me ombro a ombro com uma bolsa imensa, que passava correndo e num esbarrão, senti o meu corpo desequilibrar, pronto! Inicia-se aí minha comédia.

Uma torção violenta no pé e uma multidão me cercando, eu lá apavorada, morrendo de dor e com um monte de gente comentando “fraturou”, “É exposta”, “Meu Deus, ela rolou a escada”... Sim! Ouvi de tudo.

Alguns minutos depois, já eu já estava me dirigindo à Santa Casa, o detalhe é que eu nunca havia engessado nada antes, eu nunca havia quebrado nem torcido nada antes.

As primeiras risadas começam com a volta pra casa, o primeiro dia sempre é engraçado, mamãe mimando, o irmão caçula trazendo refrigerante... Enfim! Tudo parece lindo, mas a felicidade acaba quando os termômetros começam a marcar 25° C. Ual! O que era aquilo?

Imediatamente eu sentia uma coceira imensa e a vontade insana de arranjar uma régua, preferencialmente de 50 cm, afinal o gesso ia até o joelho.

Outra parte engraçada é a minha resistência à muletas, ótimo! Agora fico pulando dentro de casa como um saci ou algum ser da mesma raça, como se não bastasse o fato de ficar saltitando como algum torcedor São Paulino eu ainda sou sedentária, então sinto a respiração ofegante a cada cinco minutos.

Saltos pernetas e com respiração ofegante, é melhor nem comentar o que isso pode ser tornar, mas enfim.

A Hora do almoço parecia convidativa, afinal seria interessante receber a comida no sofá, assistindo algum daqueles seriados que passam no SBT, até descobrir que a minha mãe quer que eu me transforme num coelho ou uma formiga, eu nunca tinha visto tanta espécie de mato junto.
Depois do almoço conturbado, vou para o meu banho, que TRAGÉDIA!
Meu deus, qual o pedreiro que decide colocar um degrau divindo o boxe do resto do banheiro, PRA QUÊ? Pra eu cair!
Acho que a parte mais é engraçada é quando eu orgulhosamente ficava arquitetando um plano mirabolante para atravessar aquilo sem escorregar, lembrando que a anta perneta já havia aberto a torneira do chuveiro.

Ai.. Final do meu primeiro dia! Que bom vou dormir... Dormir?
Quem disse que eu conseguia dormir com 02 quilos de gesso na minha perna, qual foi o ser que disse que eu consigo dormir de barriga pra cima?
Depois do primeiro dia eu já havia imaginado os outros seis... Seis?
Não...

No oitavo dia lá estava eu, mancando pela empresa e levando bronca de todo mundo, ouvi até comparações de um pé com o outro, “um parecia um pão de forma e o outro um pão francês”!

Depois de toda a encrenca, lá estava eu, sentada na recepção de uma clinica ortopédica, relembrando todas as minhas dificuldades, para ouvir o médico falar que eu estaria de molho, a partir daquela hora, por mais cinco dias... Pronto! Acabou...

Agora estou aqui, fazendo promessas a todos os santos, pedindo ajuda até para os que ainda não foram canonizados “Olha santinha, é a sua vez! Me dá uma mãozinha...”
Sabe como é, tudo para não comprometer meus ligamentos, tudo para não ficar mais trinta dias em casa, pulando como um São Pau... digo veado, comendo como formiga e tomando banho de porco.
Não desejo o mau do gesso para ninguém...
Até mais

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